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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Graças a Deus não vivemos nos tempos dos coronéis.

De vez em quando algum espírito dos caudilhos do passado parece tentar se encarnar nos políticos atuais para tentar perpetuar os seus sistemas, o que a democracia nega. Conforme bem definiu um texto da Wikipédia, enciclopédia aberta na internet, “Caudilhismo é o exercício do poder político caracterizado pelo agrupamento de uma comunidade em torno do caudilho. Em geral, caudilhos são lideranças políticas carismáticas ligadas a setores tradicionais da sociedade (como militares e grandes fazendeiros) e que baseiam seu poder no populismo. Muitas vezes, líderes são chamados de caudilhos quando permanecem no governo por mais tempo do que o convencional. O caudilhismo se apresenta como forma de exercício de poder divergente da democracia representativa. No entanto, nem todos os caudilhos são ditadores: às vezes podem exercer forte liderança autocrática e carismática mantendo formalmente a normalidade democrática.” Mas, as maiores forças desse homens do passado era a “mentira” e a “coação moral e física da massa, o que não mudou muito na “politicagem”, ramo torto da política, essa saudável e necessária atividade humana, companheira da democracia.Os maus políticos que correto seria chamá-los de “politiqueiros”, vendem a alma ao diabo para enganar, usam de artifícios romanos dos tempos dos Césares iludindo povo com festas.Nas nossas comunidades o caudilhismo era exercido pelos coronéis, que com esses títulos comprados a peso de ouro, mandavam e desmandavam. Eles se destacavam no seu meio como os verdadeiros senhores feudais da idade média já que igualmente controlavam o dinheiro e as riquezas.Nos dias de hoje os caudilhos atuais lidam com a coisa pública talvez bem pior que nos tempos idos. Atualmente, a res-pública virou fonte de renda e detrimento da sua função natural que é de servir o povo.Antigamente, dizem os mais velhos, existia até a expressão “curral eleitoral”, a prova de que aqueles políticos consideravam os eleitores como os bois dos currais de suas fazendas. “Prendiam”as pessoas em determinados lugares onde tapeavam os eleitores com lanches, ou até nada, mas muita falação e ameaças. De lá todos saíam com as cédulas marcadas com o voto para ele ou de outro candidato desse “poderoso chefão”.A maioria dos eleitores era analfabeta, desinformada. Não tinham acesso à cultura e eram meros escravos alforriados pagos com migalhas à vontade dos poderosos. Muito diferente de hoje com a TV, o rádio e até a internet a despejar informações que mesmo sem querer, a massa assimila as noções de Direito, Moral e Ética, coisas desconhecidas nos tempos dos nossos avós.Naquele tempo, os trogloditas políticos mandavam avisos, ou faziam eles próprios aos desafetos que publicamente declarassem o seu voto contrário: “vou acabar com você, com a sua vida”, “você tem pouco tempo de vida aqui”, “ o melhor é você ficar calado” e outras coisas do gênero. Para mostrarem que aquilo não era só conversa regimentavam para o seu meio algum sujeito desprezível que tivesse a coragem de cumprir determinadas ordens, ou pelo menos que já metia medo. E, com isso intimidava grande parte do povo. Muitos dos próprios coronéis morreram com o mesmo veneno que ameaçam. Outros ficaram mutilados e viveram muito tempo como prova para história.Nesse teor, ouvi dizer que tempos atrás, que graças a Deus não voltam mais, asseclas dos poderosos chegavam a seqüestrar pessoas, e num ritual à la Juvenal Antena. Levavam à presença do mandante, arrastados pelos braços, para prestarem conta. Naquele momento, presos no gabinete, a vítima ouvia as mais diversas ameaças. E, se fosse servidor, tinham os seus cargos ameaçados e como eram pais ou arrimos de família acabavam cedendo às vontades do “imperador”. Hoje, isso seria um “assédio moral”, justo motivo para uma gorda indenização nos tribunais, coisas que os ilustres doutores a serviço do rei não podem ignorar.“__ Tire aquela faixa da sua casa, do seu carro, e vote no meu candidato! Ou perde o emprego.”Bem... Isso ainda acontece nos grotões onde a Lei é uma entidade ilusória e distante da massa, onde a Justiça ainda é aquela dos tempos bíblicos e só de responsabilidade de Deus.O mais simples dos cidadãos hoje conhece um pouco dos seus direitos e deveres, e os exemplos que assistem acontecer por aí os fornecem conhecimento e indicam caminhos como proceder com relação aos corruptos, aqueles que usam da máquina pública para proveito próprio. Todos sabem que existe uma ampla legislação que nos protege hoje desses indivíduos desprovidos de caráter. Mesmo assim, infelizmente, alguns alcunhados de “ilustres”nos textos dos jornais ainda tentam ludibriar as normas e requentemente são pegos pelas sua atitudes anti-éticas, amorais e criminosas.Abraão Lincoln, uma das vítimas desses políticos cheios de más intenções, deixou-nos uma célebre frase: “ Se quizer conhecer o caráter da pessoa não lhe dê dinheiro, dê-lhe poder”.O poder é chave para qualquer cofre, se o corrupto a tem terá o dinheiro que quiser. Qualquer homem dos mais simples, que resida lá no fundo do sertão, sabe disso.E, para justificar o desânimo do povo basta lembrar aquela frase do nosso jurista maiorRuy Barbosa, “De tanto ver triunfar as nulidades,...o povo chega a ter vergonha de ser honesto. “Dentro desse contexto, honestidade passou a ser uma virtude no lugar de ser um comportamento normal que todos deveriam ter. O nosso consolo é que enquanto houver liberade haverá esperança. Esse é o maior dom da democracia.Assim, dentro desse contexto, podemos escolher aqueles que julgamos serem os melhores. Às vezes acertamos. Na maioria da vezes erramos. Mas a “democracia” está aí para que possamos exercê-la e tentar corrigir as nossas falhas. Um dia a gente acerta e coloca alguém melhor no poder, aquele que vai resolver honestamente todos os problemas das nossas comunidades.

Texto original postado em : http://lemejurídico.blogspot.com/